Tá tudo errado, nas avaliações ginecológicas o
profissional não olha para você, apenas preenche um protocolo, não pergunta e
não faz questão de realizar um planejamento familiar, nem que se utilizem visando
daqui uns 20 anos. Quando você suspeita que esta grávida, te confirmam com um
olhar de “deu positivo, ferrou”, como se isso fosse sinônimo de desespero ou
preocupação. Na consulta do pré-natal pergunta-se o seu nome, sua última regra,
se faz o DPP e logo a frase: Se tudo ocorrer bem pode marcar para a data X, ou
tem alguma preferencia mãezinha? (A gestante
tem nome, tem uma identidade). Além é claro de alimentar o mito da “dor
do parto”, falar do cordão no pescoço, dos problemas em hospitais em vésperas
de feriado, do bebê que tá sentado, do líquido que é pouco ou muito, a placenta
como vilã.
Humanização significa:
Homem por a mão, mas precisa colocar mão, bisturi, ferro, sonda, tesoura, gaze?. O parto humanizado é muito mais que isto, é
tornar o que o homem toca ou observa em ato respeitoso, é ter cumplicidade. Nunca
um parto será humanizado se a violência existe desde a primeira consulta
ginecológica, no primeiro ato sexual, no primeiro ultrassom. Saúde se faz com coparticipação,
como seria bom se o profissional engravidasse junto, curtisse junto, desejasse
junto e é claro parisse junto.
Tudo tem um custo, o parto normal é mais barato para
o SUS, será que por isso que se estimula tanto?
A família que não for parir pelo SUS, aviso: sai caro afinal paga-se “por
fora”, a humanização que muitos confundem com a disponibilidade ou
exclusividade do profissional tem preço. A cesárea é mais cara, por isso que os
planos e convênios adoram?. Oferecer
parto A ou B, é ferir e inibir o direito de parir. E segundo o filme “O Renascimento
do Parto” gostamos de parir. Quem diz como quer parir é a mãe e a hora é o
bebê, entre relação de mãe e filho ninguém mete a colher, mas tá difícil para
alguns entender isso.
Não quero defender o parto natural, vaginal, normal (ou
qualquer nome que queiram dar), mas que profissional bom para fazer cesariana
tem muitos, cada técnica linda, cicatriz nem pensar agora é com cola!. Dor na
hora nunca, maquiagem antes e pós- parto, foto com o acompanhante pronta para
um porta retrato, em 40 minutos tudo pronto, bebê “embrulhinho”. Agora
profissional para o vaginal, sem episiotomia, sem ocitocina (artificial) ou
aquele sorinho com glicose, sem traumas, com um acompanhante ativo, uma equipe
apoiadora tá complicado .
Penso tanto nisso que já estava me preocupando e
pensando será que estou ficando neurótica com essa questão de Parto ? E percebi que não, o que acontece é
mistura de sentimentos e porque não indignação, por ver tantos procedimentos
realizados sem necessidade, por não conseguir transformar a vida de tantas
pessoas como gostaria sobre seus direitos ( PORTARIA Nº 1.459, DE 24 DE JUNHO DE 2011) e pior de ver que
cada vez mais o Coquetel do Amor, segundo Michel Odent está acabando.
·
Saliento que existem
profissionais que não fazem parte deste terrível contexto que se chama: empresa
do parto.
Att. Oliveira, M L M
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