segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Nada contra, mas também nada tudo a favor!


Respeito é algo que devemos levar por onde passamos. Respeitar não as diferenças, pois para mim esta frase está carregada de preconceito, mesmo que sutil, mas aceitar as diversidades. 
O Brasil é rico em cultura, traz uma riqueza de tradições e isso é a nossa principal característica: País de tradiçõeSSSSS. Só de ritmo temos samba, frevo, pagode, forró, bossa, mpb, brega, funk, sertanejo e tantos outros que nos trazem movimento, sorriso no rosto , vida leve mesmo com muitos pesos.
Desta forma não podemos modular as mulheres a um padrão na hora de parir. Sim, parir dependerá de sua tradição, de seus costumes, de suas crenças, de suas vivências, do seu instinto, de suas questões mal ou bem resolvidas. Parir dependerá deles: mãe-bebê-tradição.
Hoje neste post venho trazer minha opinião como a mulher no Brasil pode parir dentro de sua cultura.
Pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e Ministério da Saúde do Brasil os profissionais habilitados para assistir parto são: enfermeiras obstetras, obstetrizes, médico obstetra e médico da família. Qualquer outro ator que queira realizar a prática obstétrica está exercendo um ofício ilegal da profissão. Isto não sou eu quem diz, que fique claro.
Gestação não é doença, mas tem classificação de risco e isto deve-se considerar para assim o profissional habilitado dê sua contribuição.
No país das contradições (leia Brasil), parteiras não podem realizar partos, mas o ministério da saúde capacita estas para propor melhor segurança para mãe-bebê nos casos “atípicos” onde a assistência qualificada não chegou, oferecem curso, dão material como luvas, gazes. Para mim isso não é estimular o parto por parteiras , mas uma espécie de redução de danos no qual tenho várias críticas. Mas vamos lá.
As parteiras tradicionais, infelizmente estão virando fadinhas. Não existe curso no mundo que vai ensinar o que aquelas senhoras em anos vivenciaram. Parir com parteiras é realmente algo mágico, devemos ter gratidão aos ensinamentos, respeito às crenças, mas discernimento.
Se você deseja muito um parto natural, lembre-se que existem poucas, mas existem sim parteiras tradicionais, mas que ela não substitui o acompanhamento do profissional de saúde.
Recentemente, fui a uma maternidade pública de Fortaleza acompanhar uma parturiente, achei algo impressionante, as parteiras tradicionais da comunidade estão doulando e entregaram este ofício de partejar aos profissionais da saúde. Me perguntei o por que e acho que compreendi.
Acredito que seja a nossa tradição, ou tradições. Mulher civilizada, não vai parir nunca como índia, por que não é índia, seu períneo não é de índio, sua cabeça não é de índia. Pode esta conectada com o “feminino”, mas este não é de índio e é injusto oferecer este modelo de assistência a mulher.
Eu particularmente acredito muito no poder do feminino, nas tradições, nos chás, nas ervas, nos aromas, nas manobras das parteiras, mas como se faz uma distócia de cordão umbilical? E parto de cabeça derradeira? Parto de cintura pélvica? Como usar a manobra de Bracht? Versão externa e suas complicações como descolamento de placenta, rotura uterina, embolia por líquido amniótico, hemorragia fetomaterna, isoimunização? Só ingestão da placenta vai resolver?.
Eu não sei e nem quero saber, sou doula , estou para acompanhar mulheres, dar apoio, segurar na mão. Claro que algumas usam técnicas inofensivas, o rebozo ou posição de gato ou outra técnica tradicional, mas nem sempre serão “a salvação” e o profissional humanizado, este sim respeita a decisão da mulher e presta assistência quando se faz necessário, por que tem conhecimento técnico para isso. Manobras, exame de toque, intervenções é para a equipe que acompanha a mulher, são procedimentos e muitas vezes invasivos. Se fala da cesariana, da violência, mas tem um monte de “doula” e “parteira na tradicao” futricando a mulher para ver dilatação.
A mulher continua sendo a protagonista do parto, mas não podemos abrir mão de tantas “fadinhas “ baseadas em evidências que tem neste país. A assistência tecnológica veio para ajudar as mulheres e não para roubar os seus partos, da mesma forma que a tradição ainda hoje vive entre nós. Não deixe que uma tradição ou a tecnologia roube seu parto.
Obs: 1- Naoli Vinaver para mim é exemplo de parteira tradicional, mas vale lembrar que não é brasileira e isso faz muita diferença (tradição!!!) e como ela diz: “ A cabeça da mulher atrapalha muito. Nós sabemos parir, nós gostamos de parir”.
 2- Um cheiro nos "zói" das parteiras Ana Cristina Duarte, Melânia Amorim, Liduina Rocha,  Semírames Ávila, aos parteiros Ric Jones, Jorge kuhn e tantos outros que trabalham de forma ética, segura e compromissada. 


Leitura sugerida: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2013/prt0904_29_05_2013.html

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