Respeito é algo que devemos levar por onde passamos.
Respeitar não as diferenças, pois para mim esta frase está carregada de preconceito,
mesmo que sutil, mas aceitar as diversidades.
O Brasil é rico em cultura, traz uma
riqueza de tradições e isso é a nossa principal característica: País de tradiçõeSSSSS. Só
de ritmo temos samba, frevo, pagode, forró, bossa, mpb, brega, funk, sertanejo
e tantos outros que nos trazem movimento, sorriso no rosto , vida leve mesmo com muitos pesos.
Desta forma não podemos modular as mulheres a um padrão na
hora de parir. Sim, parir dependerá de sua tradição, de seus costumes, de suas
crenças, de suas vivências, do seu instinto, de suas questões mal ou bem
resolvidas. Parir dependerá deles: mãe-bebê-tradição.
Hoje neste post venho trazer minha opinião como a mulher no
Brasil pode parir dentro de sua cultura.
Pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e Ministério da Saúde do Brasil os profissionais
habilitados para assistir parto são: enfermeiras obstetras, obstetrizes, médico
obstetra e médico da família. Qualquer outro ator que queira realizar a
prática obstétrica está exercendo um ofício ilegal da profissão. Isto não sou eu quem diz,
que fique claro.
Gestação não é doença, mas tem classificação de risco e isto
deve-se considerar para assim o profissional habilitado dê sua contribuição.
No país das contradições (leia Brasil), parteiras não podem
realizar partos, mas o ministério da saúde capacita estas para propor melhor
segurança para mãe-bebê nos casos “atípicos” onde a assistência qualificada não
chegou, oferecem curso, dão material como luvas, gazes. Para mim isso não é estimular o parto por parteiras , mas uma espécie
de redução de danos no qual tenho várias críticas. Mas vamos lá.
As parteiras tradicionais, infelizmente estão virando
fadinhas. Não existe curso no mundo que vai ensinar o que aquelas senhoras em
anos vivenciaram. Parir com parteiras é realmente algo mágico, devemos ter
gratidão aos ensinamentos, respeito às crenças, mas discernimento.
Se você deseja muito um parto natural, lembre-se que existem
poucas, mas existem sim parteiras tradicionais, mas que ela não substitui o
acompanhamento do profissional de saúde.
Recentemente, fui a uma maternidade pública de Fortaleza
acompanhar uma parturiente, achei algo impressionante, as parteiras
tradicionais da comunidade estão doulando e entregaram este ofício de partejar aos profissionais
da saúde. Me perguntei o por que e acho que compreendi.
Acredito que seja a nossa tradição, ou tradições. Mulher
civilizada, não vai parir nunca como índia, por que não é índia, seu períneo não
é de índio, sua cabeça não é de índia. Pode esta conectada com o “feminino”, mas
este não é de índio e é injusto oferecer este modelo de assistência a mulher.
Eu particularmente acredito muito no poder do feminino, nas
tradições, nos chás, nas ervas, nos aromas, nas manobras das parteiras, mas
como se faz uma distócia de cordão umbilical? E parto de cabeça derradeira?
Parto de cintura pélvica? Como usar a manobra de Bracht? Versão externa e suas
complicações como descolamento de placenta, rotura uterina, embolia por líquido
amniótico, hemorragia fetomaterna, isoimunização? Só ingestão da placenta vai resolver?.
Eu não sei e nem quero saber, sou doula , estou para
acompanhar mulheres, dar apoio, segurar na mão. Claro que algumas usam técnicas
inofensivas, o rebozo ou posição de gato ou outra técnica tradicional, mas nem
sempre serão “a salvação” e o profissional humanizado, este sim respeita a
decisão da mulher e presta assistência quando se faz necessário, por que tem
conhecimento técnico para isso. Manobras, exame de toque, intervenções é para a
equipe que acompanha a mulher, são procedimentos e muitas vezes
invasivos. Se fala da cesariana, da violência, mas tem um monte de “doula” e “parteira na tradicao”
futricando a mulher para ver dilatação.
A mulher continua sendo a protagonista do parto, mas não
podemos abrir mão de tantas “fadinhas “ baseadas em evidências que tem neste
país. A assistência tecnológica veio para ajudar as mulheres e não para roubar
os seus partos, da mesma forma que a tradição ainda hoje vive entre nós. Não
deixe que uma tradição ou a tecnologia roube seu parto.
Obs: 1- Naoli Vinaver para mim é exemplo de parteira tradicional,
mas vale lembrar que não é brasileira e isso faz muita diferença (tradição!!!)
e como ela diz: “ A cabeça da mulher atrapalha muito. Nós sabemos parir, nós
gostamos de parir”.
Leitura sugerida: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2013/prt0904_29_05_2013.html
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